sexta-feira, 16 de julho de 2010

AS AVENTURAS E DESVENTURAS DE DANIEL PÔMBOLA...ZÁDI - 1973.

Ele apareceu pelo aquartelamento com não quer a coisa! Era normal, diariamente a nossa Enfermaria atender a população local que se queixava de diferentes patologias de nível acessível aos conhecimentos dos nossos Enfermeiros e outros que apareciam para falar connosco e se possível terem acesso a alguma alimentação, ou refeições que a nossa Cozinha ia disponibilizando conforme podia... havia por isso um trânsito de pessoas numa abordagem aceite entre Militares e População Civil  residente nas imediações ou arredores do aquartelamento Ponte de Zádi. A nossa posição logística era relativamente próxima da nossa fronteira Norte com o Zaire,(actual Republica Democratica do Congo), e assim mais exposta a figuras que apareciam do lado de lá.
O Daniel Pômbola, como pessoa era uma "figura" divertida, pelo arrojo com se nos dirigia e as histórias que nos "contava"...exemplos: "Je parle français" Je viens du Zaire" Je connais beaucoup de gens ...et je ma appelle Daniel Pômbola... intercalando com um português sofrível! Enfim nós achamos piada ao Daniel e durante uns dias aparecia ele lá pelo quartel á procura do "tacho" e dois dedos de conversa!
Mas ele tinha uma obsessão: queria conduzir um jeep ,a carta de condução e aprender Mecânica! E quem eram os instrutores escolhidos? Eu e o Meu colega Furriel Enfermeiro Rocha! Bem todas as vezes ele nos "melgava" com esse pedido, que um dia eu mais o outro meu colega encenámos uma brincadeira: tinha um Jeep que estava no estaleiro á espera de um motor  por isso inoperacional e levamos o Daniel para a primeira aula de condução! Ele sentou-se no lugar do condutor e simulava o barulho do motor enquanto rodava o volante prara a direita e para a esquerda! Nós os dois íamos-mo-nos mantendo de semblante sério á Instrutor de condução e durante uns minutos a lição assim era dada! e á segunda lição acabamos por lhe dar a título simbólico a carta de condução,( que não era mais de que um aerograma em branco com umas assinaturas elegíveis). Como ele queria ser mecânico andava por perto dos mecânicos a "ajudar" nas reparações, com uma produtividade muito duvidosa! um dia fui encontrá-lo a dormir junto á oficina e arranjei o pretexto para o despedir com "justa causa"! E assim o Daniel acabou o seu projecto...
Mas que era uma figurinha lá isso era!
Facetas mais divertidas em que o bom humor não fazia mal a ninguém e o respeito que nos mereciam ao pessoas que connosco se cruzavam... a guerra naquela altura corria mais nos bastidores da política como se viria a comprovar meses mais tarde!

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