quinta-feira, 6 de maio de 2010

Luanda cidade de surpresas...até Zemba!







Após a nossa chegada ao Grafanil passamos lá o dia para nos instalarmos até chegar daí a uns dias a ordem de marcha para ZEMBA -DEMBOS. Ao início da noite fomos fazer uma primeira visita á cidade, começando pela baixa, na esplanada do Paris-Versailles, que como pude constatar era muito concorrida, não só por militares como por civis! Visitando outros lugares para jantar e beber uns copos, começei a aperceber-me de uma cidade viva, fremente e quase irreal, para nós visto que íamos com um sentido diferente,ou seja a palavra guerra não saía do nosso subconsciente. Pelos contactos que íamos estabelecendo com varias pessoas, militares ou não, eu fiquei logo "preso", por aquela cidade e o seu ar envolvente. Havia de lá voltar muito em breve!



Á noite de volta ao Grafanil, fixei uma cena tragi-cómica, na camarata onde estávamos instalados: o meu colega furriel Monteiro que lá tinha ficado de "sargento de dia", estava a dormitar e todo ferrado pelos mosquitos, que viam nele uma espaço bom para exercerem a sua "presença"! Muito nos rimos todos com aquele espectáculo! Pobre Monteiro! Os repelentes e os mosquiteiros começaram logo a entrar em acção!



A partida para Zemba aconteceu uma madrugada dias depois e passamos se bem me lembro, pelos locais que passo a citar: Caxito, Dondo, Úcua, Piri, a célebre Ponte do Dange, entrando depois em picada dura, chegamos ao Mucondo, onde ficaria uma das Companhias, 3537, onde almoçamos, seguimos depois até Sta Eulália, que era a sede do Comando Militar daquela Zona Operacional, e ao fim do dia chegamos a ZEMBA, um quadrado situado numa zona montanhosa, antiga fazenda e que foi também um Centro de Instrucção de Comandos uns anos antes após a eclosão da guerra. Tinha ainda nas imediações uma Sanzala onde moravam as pessoas civis que ali viviam ...



Os "velhinhos" que íamos render lá nos fizeram a recepção com a teatralidade que esperávamos, com simulações de ferimentos, mercuro-cromo bastante, muletas e tudo, para ver a nossa reacção de "maçaricos"! Eu não liguei muito, porque já estava avisado dessas formalidades...



Estava era já a pensar que tipo de viaturas e que condições estas estavam para no dia seguinte começar a inventariar e receber. Como Furriel Mecânico da Companhia, tinha uma grande tarefa pela frente! Neste aquartelamento ficamos então instalados a C.C.S e a Cª Caç. 3535- do Batalhão 3880, onde ficaríamos em princípio 1 ano...(continua).

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